No cinema, o
western remonta às produções de
Kit Carson, de
1903 e
The Great Train Robbery, um
filme mudo dirigido por
Edwin S. Porter e protagonizado por
Broncho Billy Anderson. Realizado em
1903, a sua popularidade entre o público da altura granjeou a Anderson o privilégio de se tornar o primeiro
cowboy estrela de cinema, como se verificou nas centenas de
curta-metragens em que depois participou. Mas, a concorrência não se fez esperar, e
William S. Hart tornou-se em breve outro astro de uma arte que dava os primeiros passos.
É interessante verificar que o primeiro filme rodado em
Hollywood, em
1910,
In Old California, de
D.W. Griffith, foi um
western. De facto, Griffith é muitas vezes apontado como o grande renovador artístico do género. Outro filme,
The Squaw Man, de
1914, em que estreava
Cecil B. DeMille, seria o primeiro
longa-metragem realizado na "meca do cinema". DeMille transpôs para o cinema, no mesmo ano, a obra pioneira, nos Estados Unidos, do
western literário,
The Virginian, e teve, mesmo, a colaboração do autor Owen Wister na elaboração do
argumento.
O género foi sofrendo uma evolução constante, perante a crescente popularidade da fórmula. Em
1923, James Cruze realizava o primeiro
western épico,
The Covered Wagon, sobre uma longa viagem pelos territórios selvagens até à Califórnia. Seria no ano seguinte que John Ford faria sucesso com
The Iron Horse, sobre a construção do
caminho de ferro de costa a costa.
Os estúdios passaram a produzir mais de uma centena de
westerns por ano, ainda que a maior parte, formada por humildes
filmes B, não seja muito significativa para a evolução do género.
Raoul Walsh, com o seu
The Big Trail (
A grande jornada), de
1930,
usou a película de setenta milímetros, que permitia englobar a paisagem
fascinante da fronteira ocidental - além de outra aquisição importante:
a revelação de
John Wayne. No ano seguinte,
Cimarron, de
Wesley Ruggles, tornar-se-ia o único dos clássicos do género a receber um
Óscar para o melhor filme, proeza que só seria mais tarde repetida por
Kevin Costner e
Clint Eastwood.
A idade dourada do
western norte-americano tem como expoente máximo, e de forma quase unânime, o trabalho de dois realizadores incontornáveis:
John Ford, que foi o grande impulsionador da carreira de John Wayne, e
Howard Hawks. O épico de
1939,
Stagecoach (em Portugal,
Cavalgada heróica, e no Brasil
No tempo das diligências) é, por muitos, considerado um dos melhores
westerns de sempre e, mesmo, um dos filmes mais importantes da história do cinema - supostamente,
Orson Welles tê-lo-ia visto vezes sem conta antes de realizar a sua
obra-prima Citizen Kane (em Portugal,
O mundo a seus pés, e
Cidadão Kane, no Brasil). Em
1946, Ford filmaria ainda
My Darling Clementine (
Paixão dos fortes, no Brasil), a saga de
Wyatt Earp e
Doc Holliday,
com o famoso tiroteio no Curral OK - personagens e local reais que se
tornaram mitológicos na história do Oeste norte-americano.
Em
1942,
William Wellmann realizaria um filme que introduziria, de forma
angustiante e com uma profundidade psicológica muitas vezes referida,
novos temas e novas perspectivas para o género.
The Ox-Bow Incident (
Consciências mortas, em Portugal), ao lidar com uma das mais frequentes receitas do
western: o
linchamento
(Brasil) ou a vingança feita na hora, pelas próprias mãos, e a
irresponsabilidade de tais actos. É um dos filmes mais tocantes da
história do cinema, aproveitando as lições de Ford e antecipando o
cinema mais crítico após os
anos 60.
William Wyler e
Fritz Lang, conhecidos noutros géneros cinematográficos, também realizaram algumas obras de referência.
Em
1954 foi lançado
Johnny Guitar,
que trazia mulheres em papel de destaque, disputando as atenções de um
forasteiro. O filme não fez sucesso à época, mas depois entraria para a
história do cinema como precursor do destaque feminino nesse gênero.
O revisionismo iniciado na
década de 1960 questionou muitos dos temas e características próprias dos
westerns;
para além da já referida mudança de perspectiva em relação aos povos
indígenas, que deixam de ser "selvagens" apenas para serem redimidos na
imagem do "bom selvagem", as audiências começaram também a exigir
argumentos mais complexos, que não se limitassem ao dualismo simples do
herói contra o
vilão,
além de se começar a criticar o uso indiscriminado da violência como
forma de imposição das personagens (porque é que o "bom" tinha de ser
melhor que o "mau" no uso do revólver?). Pode-se referir vários filmes
que assim se posicionaram: desde o clássico
The Man Who Shot Liberty Valance (em Portugal,
O homem que matou Liberty Valance, no Brasil
O homem que matou o facínora), de John Ford, onde se reflecte sobre a própria temática do
western, o uso da violência, bem como a vertente "lendária" deste género de história; passando por
Little Big Man, de
Arthur Penn, com
Dustin Hoffman; bem como os mais recentes
Dances with Wolves (
Dança com lobos, no Brasil) e
Unforgiven (
Imperdoável, na tradução portuguesa). Outros deram mais importância ao papel das mulheres, como em
Open Range (
Pacto de justiça, no Brasil), de Kevin Costner; ou
The Missing (
Desaparecidas, no Brasil) de
Ron Howard. Em
1969,
Claudia Cardinale teve, também, um papel importante em
Once Upon a Time in the West (
Era uma vez no Oeste, na tradução portuguesa).