sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O Primeiro Filme De Faroeste - 1903

The Great Train Robbery (br: O grande roubo do trem; pt: O grande assalto ao comboio) é um filme estadunidense de 1903 dirigido por Edwin S. Porter, antigo operador de câmera de Thomas Edison. Foi produzido pelo Edison Studios, e distribuído por Edison Studios e Kleine Optical Company, sendo lançado em 1 de dezembro de 19033 .
Com apenas doze minutos de duração, é um dos grandes marcos da história do cinema e um dos responsáveis, pelo grande sucesso que teve na época, por mostrar a viabilidade da indústria cinematográfica. É considerado também o segundo filme western, sendo mais antigo apenas Kit Carson. O elenco inclui A.C. Abadie, Broncho Billy Anderson e Justus D. Barnes, embora nenhum ator tenha sido creditado.

Além de ser um dos primeiros exemplos de narrativa realista no cinema, o filme foi inovador em outros aspectos: é o primeiro a ter filmagem em ambientes externos, primeiro a ser filmado em vários locais, primeiro a utilizar bonecos como "duplos" dos atores e pioneiro na utilização de movimentos de câmera e no uso, ainda muito incipiente, da montagem paralela.
Cortes para mostrar ações em locais paralelos e o uso do zoom, técnica avançada para a época, na famosa cena do tiro em direção à platéia foram também utilizados.
Como segundo filme western da história, estabeleceu alguns paradigmas do gênero, como os tiros que forçam uma pessoa a dançar, as perseguições a cavalo e o tiroteio final.

O filme inicia apresentando dois bandidos mascarados, em um escritório de telégrafo da estrada de ferro, onde eles forçam o operador com uma arma para parar o trem e dar ordens para encher o trem no tanque de água na estação. Depois eles o derrubam e amarram. Quando o trem pára de abastecer, os bandidos, agora quatro, embarcam no trem e, enquanto dois dos bandidos entram um carro expresso, matam um mensageiro e abrem uma caixa de objectos de valor com dinamite, os outros param o trem e desconectam a locomotiva.
Os bandidos então forçam os passageiros para fora do trem e saqueiam os seus pertences. Um passageiro tenta escapar, mas é imediatamente abatido. Carregando seus despojos, os bandidos escapam na locomotiva, posteriormente parando num vale de onde continuam a cavalo.
No escritório de telégrafo, o operador acorda e tenta fugir, entrando em colapso novamente. Sua filha entra e restaura sua consciência, jogando água em seu rosto. Ele vai para um salão de dança próximo para obter assistência, e os homens pegam suas armas e perseguem os bandidos, e em um tiroteio final, todos os bandidos são mortos.
Uma cena adicional é incluída no filme. Há um close-up do líder dos bandidos, interpretado por Justus D. Barnes, disparando em direção à câmera. Enquanto geralmente colocada no final, Porter declarou que a cena também poderia ser colocada no início do filme.
                                                                Frank Hanaway

 Elenco:
  • Alfred C. Abadie … Sherife
  • Broncho Billy Anderson … Bandido
  • Justus D. Barnes … Bandido que atira contra a Câmera
  • Walter Cameron … Sherife
  • Donald Gallaher … garoto
  • Frank Hanaway … Bandido
  • Adam Charles Hayman … Bandido
  • John Manus Dougherty, Sr. … Bandido
  • Marie Murray … dançarina
  • Mary Snow … garota
  • George Barnes (não-creditado)
  • Morgan Jones (não-creditado)
O ator Tom London é creditado em diversos impressos de The Great Train Robbery, porém só tinha 14 anos na época, o que pode tornar improvável sua participação no filme.

Filmes Western Spaghetti

Durante a década de 1960 e a de 1970, deu-se um certo revivalismo com obras realizadas principalmente em Itália, com os chamados western spaghetti ou "ítalo-westerns". Muitos destes filmes - de baixo orçamento; produzidos por italianos, espanhóis ou alemães; filmados onde fosse mais barato (em Espanha e na Jugoslávia por exemplo) - caracterizavam-se por um teor de violência extrema e muita acção, ou uma dose não desprezável de melodrama, ao gosto popular.
Contudo, os filmes mais apreciados do género têm uma dimensão paródica não desprezável, como acontece nos western spaghetti de Sergio Leone. A estranha sequência inicial de Once Upon a Time in the West é uma deturpação consciente da cena de abertura do clássico de Fred Zinnemann', High Noon (O comboio apitou três vezes, na versão portuguesa, e Matar ou morrer, no Brasil). Além disso, costuma-se dizer que Leone revolucionou o gênero, se transformando num divisor de águas: o western pode ser divido em "antes" e "depois" de Sergio Leone. Na chamada Trilogia dos Dólares (Por Um Punhado de Dólares, Por Uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito) não há um "mocinho" no sentido clássico (leal, politicamente correto e de inquestionável retidão moral). Em vez disso, temos um "herói às avessas" ou anti-herói, o Homem Sem Nome interpretado por Clint Eastwood, que na verdade é um mercenário em busca de fortuna. Além disso, os xerifes são corruptos e os protagonistas não se envolvem em romances.
Clint Eastwood tornou-se famoso na celebrada trilogia de Leone, que também é considerada a mais representativa do género. Outros actores, como Lee van Cleef, James Coburn, Klaus Kinski, Franco Nero (no filme Django, de 1966, dirigido por Sergio Corbucci) ou Henry Fonda também tiveram presença assídua nestes filmes, tendo um destaque especial para Giuliano Gemma, Terence Hill e Bud Spencer, que estrelaram clássicos como O Dólar Furado, Uma Pistola para Ringo, Meu Nome é Ninguém e o sucesso Trinity.

Filmes Western em Hollywood

No cinema, o western remonta às produções de Kit Carson, de 1903 e The Great Train Robbery, um filme mudo dirigido por Edwin S. Porter e protagonizado por Broncho Billy Anderson. Realizado em 1903, a sua popularidade entre o público da altura granjeou a Anderson o privilégio de se tornar o primeiro cowboy estrela de cinema, como se verificou nas centenas de curta-metragens em que depois participou. Mas, a concorrência não se fez esperar, e William S. Hart tornou-se em breve outro astro de uma arte que dava os primeiros passos.
É interessante verificar que o primeiro filme rodado em Hollywood, em 1910, In Old California, de D.W. Griffith, foi um western. De facto, Griffith é muitas vezes apontado como o grande renovador artístico do género. Outro filme, The Squaw Man, de 1914, em que estreava Cecil B. DeMille, seria o primeiro longa-metragem realizado na "meca do cinema". DeMille transpôs para o cinema, no mesmo ano, a obra pioneira, nos Estados Unidos, do western literário, The Virginian, e teve, mesmo, a colaboração do autor Owen Wister na elaboração do argumento.
O género foi sofrendo uma evolução constante, perante a crescente popularidade da fórmula. Em 1923, James Cruze realizava o primeiro western épico, The Covered Wagon, sobre uma longa viagem pelos territórios selvagens até à Califórnia. Seria no ano seguinte que John Ford faria sucesso com The Iron Horse, sobre a construção do caminho de ferro de costa a costa.
Os estúdios passaram a produzir mais de uma centena de westerns por ano, ainda que a maior parte, formada por humildes filmes B, não seja muito significativa para a evolução do género. Raoul Walsh, com o seu The Big Trail (A grande jornada), de 1930, usou a película de setenta milímetros, que permitia englobar a paisagem fascinante da fronteira ocidental - além de outra aquisição importante: a revelação de John Wayne. No ano seguinte, Cimarron, de Wesley Ruggles, tornar-se-ia o único dos clássicos do género a receber um Óscar para o melhor filme, proeza que só seria mais tarde repetida por Kevin Costner e Clint Eastwood.
A idade dourada do western norte-americano tem como expoente máximo, e de forma quase unânime, o trabalho de dois realizadores incontornáveis: John Ford, que foi o grande impulsionador da carreira de John Wayne, e Howard Hawks. O épico de 1939, Stagecoach (em Portugal, Cavalgada heróica, e no Brasil No tempo das diligências) é, por muitos, considerado um dos melhores westerns de sempre e, mesmo, um dos filmes mais importantes da história do cinema - supostamente, Orson Welles tê-lo-ia visto vezes sem conta antes de realizar a sua obra-prima Citizen Kane (em Portugal, O mundo a seus pés, e Cidadão Kane, no Brasil). Em 1946, Ford filmaria ainda My Darling Clementine (Paixão dos fortes, no Brasil), a saga de Wyatt Earp e Doc Holliday, com o famoso tiroteio no Curral OK - personagens e local reais que se tornaram mitológicos na história do Oeste norte-americano.
Em 1942, William Wellmann realizaria um filme que introduziria, de forma angustiante e com uma profundidade psicológica muitas vezes referida, novos temas e novas perspectivas para o género. The Ox-Bow Incident (Consciências mortas, em Portugal), ao lidar com uma das mais frequentes receitas do western: o linchamento (Brasil) ou a vingança feita na hora, pelas próprias mãos, e a irresponsabilidade de tais actos. É um dos filmes mais tocantes da história do cinema, aproveitando as lições de Ford e antecipando o cinema mais crítico após os anos 60. William Wyler e Fritz Lang, conhecidos noutros géneros cinematográficos, também realizaram algumas obras de referência.
Em 1954 foi lançado Johnny Guitar, que trazia mulheres em papel de destaque, disputando as atenções de um forasteiro. O filme não fez sucesso à época, mas depois entraria para a história do cinema como precursor do destaque feminino nesse gênero.
O revisionismo iniciado na década de 1960 questionou muitos dos temas e características próprias dos westerns; para além da já referida mudança de perspectiva em relação aos povos indígenas, que deixam de ser "selvagens" apenas para serem redimidos na imagem do "bom selvagem", as audiências começaram também a exigir argumentos mais complexos, que não se limitassem ao dualismo simples do herói contra o vilão, além de se começar a criticar o uso indiscriminado da violência como forma de imposição das personagens (porque é que o "bom" tinha de ser melhor que o "mau" no uso do revólver?). Pode-se referir vários filmes que assim se posicionaram: desde o clássico The Man Who Shot Liberty Valance (em Portugal, O homem que matou Liberty Valance, no Brasil O homem que matou o facínora), de John Ford, onde se reflecte sobre a própria temática do western, o uso da violência, bem como a vertente "lendária" deste género de história; passando por Little Big Man, de Arthur Penn, com Dustin Hoffman; bem como os mais recentes Dances with Wolves (Dança com lobos, no Brasil) e Unforgiven (Imperdoável, na tradução portuguesa). Outros deram mais importância ao papel das mulheres, como em Open Range (Pacto de justiça, no Brasil), de Kevin Costner; ou The Missing (Desaparecidas, no Brasil) de Ron Howard. Em 1969, Claudia Cardinale teve, também, um papel importante em Once Upon a Time in the West (Era uma vez no Oeste, na tradução portuguesa).

Cinema western

O chamado cinema western, também popularizado sob os termos "filmes de cowboys" ou "filmes de faroeste", compõe um género clássico do cinema norte-americano (ainda que outros países tenham produzido westerns, como aconteceu em Itália, com os seus western spaghetti). O termo inglês western significa "ocidental" e refere-se à fronteira do Oeste norte-americano durante a colonização. Esta região era também chamada de far west (extremo oeste) - e é daqui que provém o termo usado no Brasil e Portugal, faroeste (também se usou o termo juvenil bang-bang, na promoção das antigas matinês e de quadrinhos). Os westerns podem ser quaisquer formas de arte que representem, de forma romanceada, acontecimentos desta época e região. Além do cinema, podemos referir ainda a escultura, literatura, pintura e programas de televisão.
Ainda que os westerns tenham sido um dos gêneros cinematográficos mais populares da história do cinema e ainda tenha muitos fãs, a produção de filmes deste género é praticamente residual nos tempos que correm, principalmente depois do desastre comercial do filme Heaven's Gate (As portas do céu, em Portugal e O portal do paraíso no Brasil), de Michael Cimino, no início da década de 1980. Contudo, houve ainda alguns sucessos comerciais posteriores que foram, inclusive, galardoados com o Óscar de melhor filme, como Dances with Wolves (Dança com Lobos) de Kevin Costner, ou Unforgiven (Imperdoável, em Portugal, Os Imperdoáveis, no Brasil) de Clint Eastwood. Mas os westerns que vêm à memória da maioria dos cinéfilos são, mesmo, os da sua época áurea: os filmes de John Ford, Howard Hawks, entre outros nomes cimeiros do cinema.